DE CAMA E MESA

Estou com saudade de ti, de teu cafezinho cheiroso, de teu cantar de cigarra e poemas. Meus pés estão duros de invernia, liga o ar condicionado e talvez o tempo passe mais rápido entre cochichos e o chuveiro quente. Se der, põe algum agradinho por perto ou em cima do fogão a lenha e deixa que o cheiro bom das cheganças atice o estômago. Enche os pulmões de desejo que eu vou chegar com fome. Por vezes, confesso, sou antropofágico. Faz algum mal ser de cama e mesa? Joga a chave pela janela que – depois – vamos dormir com muito mais vontade entre o vinho e cansaços. Ah! Tenho dó dos travesseiros e suas penas. Amanhã, parecerá ao eventual observador que por lá lamberam o pelo a gosto mais que dois felinos no cio. Abelhas zumbem, e arde fortemente a parte que não pensa. A rainha pica a memória dos lençóis. E este calor que não dá trégua... Todos os passos conduzem à horizontal de viver.

– Do livro POESIA DE ALCOVA, 2015.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5280101