PARADOXO II
Talvez, possa dizer aqui ou ali, mesmo simulando uma concordância pessoal a respeito do que penso sobre a percepção da realidade concreta em relação a acontecimentos diversos. Mas essa é a minha opinião! Acredito que assim, além de mim, caminha o ser em meio a diferentes percepções de mundo, algumas dotadas de esperanças visando a conquista de algo inusitado que possa aliviar as dores e os dissabores antepostos em seu caminho. Apela-se, às vezes, até para atributos oriundos do além, ou a paraísos fecundos e imaginários que não surgem como à solução ideal para uma melhor expectativa de vida. Assim, caminha o ser dotado de instintos naturais e a necessidade de sobrevier contumaz, enfrentando, lutando, planejando novos caminhos, caindo e se levantando porque só os fracos permanecem deitados diante dos tropeços da vida. Correntemente é levado a se retorcer e encolher diante de uma realidade abrupta, que o desalinha e o reduz a todo grau de perversidade, e o trata como se fosse um mero entulho despejado nos lixões da exclusão e da incompreensão. Enquanto tudo isso acontece, as ideias vão brotando e batendo ponto a ponto no cerne da questão, corroendo sentimentos positivos, destituindo a razão. Em última análise forçando-o o a criminalizar-se por não saber o que fazer ou se esconder. Envergonha-se na redoma de sua própria desventura. Instala-se a amargura em sua mente, contudo segue em frente, mesmo sem saber aonde chegar. Fora de seu interior a vida pulula, sorrateiramente, num mundo cada vez mais exigente, diante de um novo ideário que se construiu agora e logo e se desfez em pouco tempo. Novas exigências surgiram ainda inseguras como as anteriores. O mundo assim o constrange. A necessidade de sobrevivência o atormenta. Busca e rebusca, elabora e põe em prática uma infinidade de planos, se necessário, entretanto, quase sempre se vê entregue ao abandono da luta pelo atendimento de suas necessidades mais prementes. Necessidades estas que o redimiriam dessa saga social.
Após determinadas inserções na literatura escrita descobre que não é sozinho nem a única vítima desse castigo; milhões de pessoas sofrem as agruras de tentarem viver honestamente através do trabalho. Todavia, esta condição de alimentar a alma através de exemplos negativos e que estejam acontecendo com outros não o alivia. A verdade é que a realidade imposta; execra, vilipendia, transforma o homem em vítima e réu de sua agonia, entretanto o ser humano não tolera o abandono e o desencanto..
Descaminho, inversão de valores, sincretismo religioso tomando conta dos lares através da ganância midiática. Daí, as madrugadas calejadas de falsos representantes da doutrina religiosa. Os altares midiáticos da imprensa como; os jornais, as revistas, programas de televisão, propalam a discórdia, a mentira e a violência, sob a capa protetora do direito à manifestação do pensamento. Há "milagres" que o próprio Cristo se surpreenderia.
Vulgaridade de acontecimentos em meio a notícias desencontradas, entronamento de resultados mentirosos é o que se tem. Segue-se então a rota insidiosa e desvairada das trajetórias sem sentido. Paradoxal acreditar em vitória diante de tamanha opressão, mas é preciso resistir e tentar navegar em busca de um paraíso diferente qualquer. Impregnar-se do grito da razão originado do fundo d'alma, que se acalma diante da sensação de justiça, mesmo diante de uma fantasia, a enfeitar os sonhos de alegria diante desse canário mentiroso de felicidade.