DOMINGO
Todas as perdas contidas
num coração paraplégico
introvertido e irremediavelmente
maculado.
Todos os desgastes
lançados à culpa dos demônios
nascidos do pecado de nossos pais.
Toda minha sorte
numa chuva no começo da manhã
e num café quente na garrafa.
Ele encontra-se neste terrível estado
de um ego muito inflamado
um niilismo fajuto
derretido num espaço onde jazem,incompetentes,
as últimas poesias que escrevera
em nome dos sonhos errados.
É domingo,dia de pensar na vida
um urubu se alimenta
de uma carne podre no lixo
o sol brilha intensamente
uma solidão sem nome corrói seu peito
através das cortinas que sacodem
e da noite que chega.