CAMINHADA NOTURNA
Mais uma vez saio na noite.
Caminhada noturna.
Ruas desertas, vazias, solidão sem fim!
A passos lentos, caminho.
Sinto a brisa fria bater-me no rosto.
É final de outono, portas do inverno.
Casas fechadas, e imagino,
atrás de cada parede, uma estória,
um romance, um drama...
Penso na juventude dali
que desponta faceira
e que breve buscará lugares ao sol,
destinos selados talvez pela sorte,
outros, destruídos pelo
não encontrar nada...
E penso também, na solidão da velhice,
acamados ou não
mas que trilham o final de suas vidas.
Meus passos me levam.
O cérebro funciona.
Carros passam levando pessoas.
Ouço risos, e algumas vozes
na vida do entorno.
E mais uma vez penso, e eu,
que será de mim?
Antes de me ir, ainda tenho
algumas coisas a resolver...
pendentes, precisando de solução
que fico deixando para amanhã
que poderá ser tarde...
Vejo a praça... bancos convidativos.
Vou me sentar.
Estou bem agasalhada e o frio
se torna amigo... gosto dele.
Até um cão passa.
Pobre dele, faminto talvez.
Lembro-me de um meu
que perdi dias atrás.
Foi resgatado das ruas,
mas não consegui salvá-lo a tempo.
Apesar de ter lutado,
cuidando de tudo, mas ele se foi...
E aumentou em mim a tristeza
de sabê-los por ai, abandonados.
Mundo cão!
Já está na hora de voltar
e rumo em direção ao meu lar.
Nem sei das horas. Talvez tarde
para alguém sozinha nas ruas.
Apresso os passos
e desapareço antes que algo
me aconteça.
Comigo meus pensares
e Deus!
Este sempre presente
em minha companhia!