Além da redoma
Dizem que o Criador, ao dar forma e vida aos homens, usou um verbo imperativo e, assim, animou o que estava sem vida.
No início, estávamos despidos, sem vergonha de nossas vergonhas. Sem os sete véus e as correntes que ficavam mais pesadas a cada novo dia de existência.
Com um relâmpago a vida suspirou e partiu em duas a primeira alma, fazendo-as buscarem eternamente por suas partes siamesas. É o amor eterno.
A redoma, é o mundo, em que você e eu estamos. E estamos em constante busca por um e por outro, Desejando mais ardentemente que a superfície do Sol voltarmos a ser uno.
Um relâmpago brilha num céu sem nuvens, pois elas não têm mais significância que havia outrora. Ele se destaca e se faz vivo. Surge do nada e do nada se vai, mas deixa seu brilho seguido de um bater acelerado de corações sedentos de vida.
Diante às noites e aos dias minha alma e a tua vão se despindo mais, sim, estou despido de medos e anseios.
Que o mesmo verbo imperativo faça a vida voltar a brilhar em nossos Seres. Faça a vida ser vida e não mais um fardo de aparências.
Que um dia a redoma seja pequena demais para mim e para você e que possamos transcende-la aos sete céus e lá sermos apenas substância pura, sejamos amor e apenas amor.