Simples e inesquecível

Como um animalzinho arisco que foge das chamas, eu fujo do teu brilho. Eu tento ficar longe. Prometo que não vou me aproximar nem tentar conversar com você, mas eu não consigo – sabe Bambino, parece que tudo conspira para nos aproximar – o final de tarde e a caminhada pelas ruas do centro enquanto todos te esperavam chegar. Teu atraso e as pinturas no teto do Teatro que eu admirava pensando “será que ele não vem”? Mesmo que tuas mensagens insistentes no meu celular dissessem que você já estava a caminho. As cortinas se abriram e faltava pouco pra terminar quando você chegou. Depois foram as estrelas, a brisa, a conversa e o sorriso. E a despedida. E o reencontro – sabe, ver você e o seu amigo entrando naquela lanchonete foi um momento de surpresa, confusão, mãos frias, pernas tremendo e coração acelerado. Foi o momento da noite em que tive medo de me trair. De deixar os olhos brilharem. Foi o momento em que você se sentou ao meu lado e eu não sabia se fugia ou ficava. Se ria ou fingia estar cansada. E ao mesmo tempo foi tão natural.

Sabe Bambino, há coisas simples que se tornam inesquecíveis mesmo que a razão grite “esqueça!” e o teu sorriso é uma delas – a eternidade não é tempo suficiente para tirar do coração essa lembrança. E, acima de tudo eu me pergunto: “Eu quero esquecer?” E meu coração, entre os cacos partidos de minha alma pobre demais em encantos para merecer qualquer afeto de um Anjo, responde: “não”. As lembranças de noites como hoje serão sempre o maior tesouro de uma vida inteira... Bambino. Chamo-te assim em minhas cartas e diários para que teu nome permaneça oculto caso eu perca algum texto por aí, é uma forma carinhosa a que me dirijo a ti em pensamentos e devaneios. Queria que um dia você pudesse ler estas linhas que aos poucos preenchem as linhas vazias da minha alma e da minha vida.

(Setembro/2013)

Bob Regina
Enviado por Bob Regina em 05/06/2015
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