Outono
O outono me orfaniza um pouco depois de me nascer sílfide, na antecâmara uma folhagem vaga de aerados, pássaros sobrevoam a antiga varanda onde estou, suas asas desfilam palavras como pombas lançadas livremente na tarde que suavemente se recolhe em meu colo de flores. O outono tem dessas coisas. Suaviza e voa dentro de mim como um ermo, flutuação de asas no centro desértico da boca cobrindo o sono. Cortina de sol flamejando violáceas rosáceas amarílicas, rendas de céu balançam fechando o dia.
O outono com sua ínfima chama goteja céu derretido não se desfaz nem se despede. Outono orfanizado e volável enfrenta a travessia drástica das estações. Outono e sonho comungam em sua tessitura de seda, outono é des_nascenças, nascedouros e oferendas à casa de nossas vivendas.
Rio/2015.