Aves Magoadas

[***]

Naquele dia o mar estava raivoso, espumava jogando suas ondas contra as pedras e atiçava a areia formando buracos em redemoinhos.

Era a fase da nova lua. Era a lua nova em sua fase.

Mas também tinha o sol; o sol também se compunha em sua extrema rigidez de raios na clemência afetiva de lamber as coxas daquela lua tão apetitosa - nova, novinha em folha - e numa atração quase que dissimulada, pois a intenção era apaziguar o mar e a moça que, a essa altura já tinha tatuado todo o seu corpo com torrões de sais...

Melhor assim, pensou ela tentando arrancar dos pelinhos dourados as marcas daquele mar de tão doce unguento.

Ele tinha descoberto o seu segredo: - o amor misturado ao ódio, esses dois extremos aliados e ao mesmo tempo tão encantadores nas suas qualidades: a raiz do sangue que lhe fervia por dentro e a poesia a enaltecer o seu corpo. Dos lábios ainda pode deslizar os dedos e sentir uma manchinha de sal, arrancou-a e desceu o filete de cor avermelhada. Lambeu os lábios com gosto, perdeu-se naquele momento mágico...

Ainda pode avistar alguns flamingos... tantas aves magoadas...

Coldplay - Magic

(https://youtu.be/1PvBc2TOpE4)

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Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 02/06/2015
Código do texto: T5263443
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