Num futuro não muito distante
Por que será que todo mundo, mais ou menos, de um jeito ou de outro, se desentende com a vida? Por que será que existe esse mal estar, esse mal-entendido com a própria vida? Não, talvez não seja assim. Pode ser que seja só eu. Eu com meu ar de derrotado, de alguém que já passou por maus bocados, mas continua lutando (sempre!) porém sabe que no fim... Deixa pra lá. Não acredito em derrotas, na verdade. Eu sigo meu caminho. Se vier algo bom, ótimo, se não, está muito bem também. Acho que não existe isso de “se dar bem.” A vida segue simplesmente. Ciclos se abrem e se fecham, mas nunca há um “the end” definitivo e, inclusive, o “happy end” só existe na cabeça de quem esqueceu que amanhã será outro dia, com novas escolhas, novos desafios e novas oportunidades. A batalha continuará. Mesmo na morte vai continuar, para aqueles que assim tem fé. Eu tenho fé. Fé de que o mal estar um dia passa e nos revela um horizonte de erros e acertos. Consequências boas e más de ações passadas. O bem assim como o mal são duas faces da mesma moeda. E a moeda é nossa.
Acho, aliás, que se desentender com a vida faz parte da própria realidade universal. Desentendemo-nos com ela para olhar no espelho sem o peso do “dar certo” que é tão recorrente no imaginário dos indivíduos da classe média. Desentendemo-nos com ela para estar em sintonia com nosso próprio silêncio, nosso próprio som sem som interior. Desentendemo-nos com ela para realizar uma catarse do que esperam de nós e do que nós mesmos esperávamos de nós antes desse desentendimento. Desentendemo-nos com ela a fim de alcançar uma compreensão maior, uma sublime compreensão dos meandros da vida e do que queremos dela num futuro não muito distante.