O Carrasco e o Pecador
O Tribunal da Vida pode ser assustadoramente cruel e não permitir erros de qualquer natureza, tamanho ou forma e em seu Julgamento nem sempre impera a justiça e a clemência é ignorada.
Ao Juiz não importa acertos esquecidos, bons atos ultrapassados ou qualquer justificativa para o que ele considere crime imperdoável, só o que importa é o erro cometido, nenhum recurso é permitido e então a sentença de morte é declarada.
O Carrasco da Perfeição, sempre a postos, é então chamado e com seu machado pronto a decepar sua cabeça de forma avassaladora, surge após o veredicto de culpa.
A multidão espectadora, desprovida de sentimentos, lança gritos de incentivo ao carrasco, que insensível a qualquer sentimento de justiça segue fiel ao seu ofício.
O Condenado pode até guardar virtudes nobres, mas o Carrasco não repara, ele mantém os olhos fixos em sua cabeça, e sua sede de sangue e vingança alimenta sua alma e o torna tremendamente mais forte que o Pecador.
O Pecador mostra-se fraco, assustado, encolhido em seu canto e o Carrasco, cada vez mais dono da situação, brande no ar sua arma punitiva e a cabeça que agora rola, torna-se massa visceral sem valor e o corpo inerte carrega algo que já foi um coração.