MÁCULA
MÁCULA
Existe uma dor em mim. As dúvidas me angustiam a alma. As incertezas e inconstâncias dos meus sentimentos dissecam o corpo da alma, aplainando-a por espaços vazios e desolados. O coração palpita, sem identificar o provocador. Há um vazio em mim. Testemunho Minh‘alma desprender-se do corpo inerte. A alma sufocada desguia pensamentos, desvia a matéria das metas, que um dia quiseram ser canalizadas. Presencio um corpo tombar, desviar, sem rumo a ir. Meu âmago anuvia o cômpito das veredas incertas, das estradas do desconhecido. Só há uma vontade nesse instante, fugir...
O corpo não dá sinais.
A alma se distancia.
O desencontro torna-se inevitável.
Sinto rastejar.
Haverá reação?
Luto!
A razão imobiliza os passos, descompassando desejos e vontades. Não há harmonia. Não há sintonia. Não há equilíbrio.
Decidir, esperar, ponderar, apaziguar... É preciso contrapesar e acalmar o tanger da hesitação. O juiz de mim sentencia a introspecção dos valores lídimos do ser. Sem importar-se, mais uma vez, a alma veste-se com o manto da obscuridade das verdades. Quem se faz mais valioso? Emoção ou razão?
Arrazoo-me, comprimindo o desejo de libertar-me, aprisionando-me aos apreços desconceituados pelos rajados do tempo. As contendas do pensar incendeiam a alma, apontam caminhos tórridos, calçados com brasas da imprudência e inconsequência, que findam na punição pela culpa eterna da devastidão de vidas e sonhos.
O corpo aceita.
A alma contesta.
Quem há de compadecer-se da mísera alma?
Estará fadada a ser renegada,
Esquecida e sepultada?
Ah! Pobre alma,
Quem dera poder concertar os remendos
Que a fazem maculada.
Tirar-te de mim...
O que me restaria?
Flávia Arruda 25/05/15.