Como não rir???
Mas ele era uma figuraça, vivia metido dentro do cemitério, assuntando tudo que podia. Segundo me contaram, era frequentador assíduo, não perdia um sepultamento, era o tipo da criatura sem assunto na vida. Quando não estava xeretando algum velório, dando fé da vida do “de cujus” e da família, estava no bar se gelando. Participava de todas as cerimônias, acompanhava os féretros, carregava até uma cadeira caso alguém desmaiasse, era “habitué” nestas situações. (Estranho, mas tenho notado há anos que não se desmaia mais em velórios, nem se chora tanto, só os mais íntimos do defunto ainda se comovem profundamente. Isto deve ser um bom sinal, devemos estar assimilando melhor as coisas da morte). Pois o triste marcava presença em um cemitério de Viamão, localidade da grande Porto Alegre. Diz que um dia, depois de ter tomado todas, o vivente saiu para acompanhar um cortejo junto com ele ia tal cadeira. Para ser um dos primeiros a chegar à sepultura, ele ia atalhando por cima dos túmulos, pisoteando as plantas, se acotovelando nas pessoas. Na confusão, caiu dentro de um túmulo, a laje afundou e lá se foi o triste, se largou por cima de um corpo, devia ter tomado muitas, pois mal conseguia levantar. Ele e a cadeira. Tiraram o camarada da catacumba todo embarrado e cheio de cabelos grudados na roupa. Parece que depois desta ele tomou chá de sumiço, se escafedeu.
Beijo a todos!