Sonh(a)dora

Era outra manhã, chovia levemente, aquelas gotículas a beijava sutilmente e se dissipavam no ar.

Havia chovido forte mais cedo, saindo do seu portão ainda avistava algumas poças d’água; guarda-chuva nem em sonhos ela usava, aquilo era uma proteção “fake”, pés molhavam, jeans molhava e se a chuva cismasse da mão, esse acessório não agüentava, se tivesse ventando, virava-se ao avesso, melhor ir sem.

Um vento frio ouriçava os cabelos do seu braço, tornando-os arrepiados e aquela sensação de frisson era emoção única, ela adorava arrepiar-se.

Resolveu sair a pé naquele dia, um cheiro de café coado na hora vinha de todas as direções sem se misturarem, fragrância única.

O sol ainda de pijama olhava com rabo de olho por uma fresta de nuvem, talvez não se levantasse porque as nuvens espessas dominaram todo o espaço.

Pensou em almoçar acompanhada, numa boa gargalhada a dois, olhares, talvez...

Lembrava-se do toque dos seus dedos em seus cabelos “encaixados” por natureza.

Pensou que talvez pudesse folgar do trabalho após o almoço, mas nada concreto, só um turbilhão de pensamentos insanos ousavam revirá-la por dentro

Tão sozinha e tão bem acompanhada de si, seguiu caminho ao trabalho; pássaros de penas molhadas cantarolavam felizes, manhã encantadora. Como dirá uma amiga: manhã poderosa.

Chegou ao trabalho dezoito minutos após ter saído de casa, como de costume subiu aqueles quinze degraus da escada de entrada, de repente o mundo encantado havia ficado lá fora.

Telefone, clientes, fornecedores, aquele escritório parecia mais uma feira livre, impossível qualquer saída dali naquele dia; foi derrubada do sonho, caiu com tudo no chão da realidade sem tempo para pensar na pequena viagem que fez no trajeto de casa ao trabalho.

Uberlândia MG

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 26/05/2015
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