Faz de conta
Faz de conta que engomamos o mar quando o dia amanhece quieto e o marulho das ondas murmuram teu nome... Faz de conta que engomamos o mar, e a nau silenciosa desliza por sobre o espelho das águas e do cinza que se fez o céu desabrocha em azul pelos cantos os raios de um sol tímido e molham os beirais das janelas vestido de luz. Faz de conta que engomamos o mar com as mãos e a linha do horizonte define-se para além do que os nossos olhos tocam e todo movimento se estica abocanhando as areias repetindo gestos últimos de adeuses desencontrados de nós. Faz de conta que engomamos o mar e a magia do silêncio espalhou a pureza das flores e tocou nosso amor de poesia e som para além do mundo de sonhos que me deste... faz de conta!