MERO ERRO

Venho confessar minha pretensão, pequenez e arrogância quando por vezes tentei descrever o amor. Porque agora chegando aos 35, posso visualizar os meus erros. E como posso! Não sei se esta frustração em tentar descrevê-lo, me ensina e me encoraja, ou se me ofusca e me empobrece.

Ainda agora fecho os olhos com força e me frustro. É uma estranha sensação de um grito que se afoga ao mesmo tempo que semelhante a uma voz muda. Afinal de contas, é grito ou é silêncio? É inércia ou movimento? Às vezes um, às vezes o outro e por vezes os dois... Mas como pode tal feito?

O amor estava nos olhares e nunca aqui. Estava nos gestos e nunca aqui. Estava fora e dentro ao mesmo tempo. É estranhamente um ocupante de todos os espaços. E vejam só eu e minha soberba mais uma vez. Novamente tentando definir o amor.

Em se tratando deste sentimento que não sei se inquilino ou parente, tenho desconfianças que ou somos iniciantes ou sempre repetentes de mesma classe. Pois os que alcançam o mestrado, desconfio eu, que não estejam mais entre nós. Nós, meros repetentes da mais nobre de todas as lições.

A verdade é que o amor nunca foi nada das coisas que escrevi, e sim tudo o que não consegui descrever. O amor foi a parte que ficou de fora das palavras com as quais, impiedosamente eu feri o papel...