E por falar em portas,
te importas que eu bata?
te importas que eu bata?
bato nas portas que a vida fecha
só pra ouvir meus arranhões
e o estalido das unhas quebrando.
nós dos dedos ecoando
como um código morse - sos apelando
de madeira de lei ou de aço
portas enfileiradas
uma a uma bato
sem imprimir força no braço
bato com sutileza
pra não embrutecer as mãos
feitas de delicadezas.
nesses ínterins, há portas
que se emperram
insinuando que bater
sugere agressividade
tanto faz se com força
ou suavidade...
não me deixo abater
e aproveito para olhar pro alto
percebendo que pássaros no céu
também suas asas batem
e quanto mais batidas alam
mais azul o céu espalha
e o bater do sino
da igrejinha próxima
chamando para um evento
ou oração...?
e as asas da borboleta
batendo sobre uma flor
que vi certo dia
numa carícia de estação...?
e os meus cílios que batem
suavizando me o olhar
pra vida,
edemosa e com feridas,
que deixa portas trancadas
só pra ver minhas mãos
estendidas...
é pra bater?
Maryeva Santosinsky
Ministras das Flores do Reino de Gorobixaba
Ministras das Flores do Reino de Gorobixaba