Paisagem

Tinha um estranho hábito cultivado ao longo de vários anos e muitas viagens. Recostava-se na poltrona nem sempre confortável do ônibus e ia mostrando aos olhos a paisagem que passava correndo lá fora.

Pela janela, o fim do dia abria a noite com a apoteose das cidades derramando ouro sobre a escuridão.

Os olhos não se cansavam nunca e queriam ver mais e mais. Às vezes, um suspiro mais forte fazia a alma estremecer e correr até a janela dos olhos para observar também.

Ficava nessa euforia até a entrada da cidade grande. Aí, tudo perdia a graça. Fechava a cortina e punha os olhos para dormir.