mais um monologo sobre o amor
Deitado na minha cama, eu observava a mulher andar pelo quarto, angustiada, com um cigarro na mão. Ela tinha horríveis dores de cabeça, e as vezes guardava um terrível silencio que me assustava mais do que qualquer palavra dura. Ficamos nesse estado por algum tempo, como que isolados um do outro, separados por uma parede de ar e pensamentos individuais. Mas então, me peguei iniciando um dos meus monólogos interminaveis que quase nao consigo conter... olhando para o chão eu lhe disse. 'Amar alguem é deixar um pedaço seu vivendo fora de você mesmo, desprotegido e exposto aos elementos e situações incontroláveis. Muita gente enlouquece por causa disso, mas boa parte das vezes, é doce a sensaçao de ter uma parte de si, distante, com vida própria. E ainda melhor o momento em que você a reencontra e se recompleta. É assim que eu me sinto com você, Sam. E nessas horas o tempo parece ao mesmo tempo tanto irrelevante, quanto cruel. Pois ele passa sempre mais rápido do que eu gostaria e logo temos que nos separar e distantes um do outro, unidos apenas pelas lembranças e a saudade, viver nossas vidas independentes.'
Então emudeci...
Mas como ela não disse nada... tentei emendar algo que amenizasse meu discurso afobado...
'Espero que nada disso soe como algo obsessivo. São apenas palavras. Mas você sabe a importancia que as palavras tem pra mim.' Completei.
Por fim voltei ao meu silêncio, enquanto Sam acendia outro cigarro.