Não quero a liberdade, se estiver sozinho pra voar

“Não quero a liberdade, se estiver sozinho pra voar...” - Texto escrito ao som de “Pra ser” de Esteban Tavares.

Chove intensamente lá fora. Agora já são seis da tarde. A minha vontade era abrir a porta desse quarto escuro, vazio e surrado de mim para deixar que a água me lave por inteira. Eu queria que ela curasse os espaços profundos e inacessíveis que habitam o meu peito. E essa saudade, que bate, bate, e aflige toda a minha sanidade. Eu nunca imaginei que ela tivesse tanta força para se instalar em todas as ruas, em todas as paredes, e marcas e falas e risos... Nas lembranças. A saudade pesa sobre meus braços e os meus olhos; pois eles não aguentam esse espaço minuto e recluso que está meu coração. Assim, uma lágrima escorre pela minha face. Assim, uma gota da chuva também escorre da flor de uma árvore. Então, pode ser que, no mesmo ritmo outros passos estejam sendo dados. Outras palavras tenham sido ditas por corpos que como o meu procuram respostas em marés difíceis de navegar.

Havia uma pedra no caminho. No meio do meu caminho havia uma pedra singela e perspicaz que reside e resiste em meu peito. Como um nó apertado ela sufoca o que há de mais sutil dentro de mim. Eu juro que estou tentando ser mansa como um abraço sincero, como um novo dia que amanhece.

Agora a chuva se tornou menos densa, e talvez um dia eu também consiga diluir a minha intensidade nos sentimentos puros que eu cativo dentro do seu sorriso. E dentro de mim. E vi, essas gotículas todas que escorrem pela janela são como veias que pulsam incessantemente a procura de vida; então eu também quero ser como as gotas. Escorrer por todas as beiradas, e ainda assim, roubar goles e impulsos e contágios para reanimar a estranheza de viver.

Tainá Santos
Enviado por Tainá Santos em 10/05/2015
Reeditado em 10/05/2015
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