Derrota
Um vazio manso de fim de tarde
assiste o Sol escondendo-se
atrás da montanha.
Um gosto azedo de liberdade aflige
a alma do viajante, que sente
os calafrios da solidão e as damas
da dúvida, que começam a se fazer
latentes na sua mente.
Está ausente o metal vil pra interromper
o sofrimento que espreita de longe,
ansioso, esperando a noite que
vem chegando, bailando entre as
árvores da mata a frente.
Maldição! Se pelo menos as flores
da fortuna tivessem desabrochado nesse dia.
Se pelo menos, num sussurro de
lealdade, a boa sorte lhe sorrisse, lhe abraçasse.
Lembra-se da amada, aguardando ansiosa
no aconchego do lar o retorno triunfante,
tal qual os príncipes de outrora, voltando de
suas batalhas com os despojos dos inimigos
que ousaram desafiá-lo.
“Ah amada! Não imaginas as angústias
desse viajante sedento de histórias felizes para
contar. Não desconfias da fraqueza que espreita
fundo na alma desse infeliz que elegeste
como seu par.”
Finda-se o dia. A noite baila, o viajante enfrenta seu único destino
imediato. Adentra na mata e esconde-se do mundo, entregando-se
aos seus próprios demônios.