Maldita Fênix
Qual fênix louca e maltrapilha
que renasce aos borbotões
a cada dia nas periferias urbanas,
nos lixões.
Adornada por um véu denso de moscas nojentas,
abre suas asas sobre a multidão suja e fedorenta
dos excluídos da sorte e da vida
que têm nos restos dos abastados o seu alimento.
Homens, mulheres e crianças
disputam com os urubus, os ratos e os insetos
as migalhas do pestilento museu de sobras
e dejetos esquecidos e abandonados pelos ricos.
Andrajos de gente, pedaços de móveis,
louças quebradas, roupas gastas, rasgadas,
carne podre, restos de comida e procura danada,
neste ajuntamento de excrementos da sociedade.
Riqueza e miséria juntas, delineando
o rosto cruel da nossa realidade.