ESSA NÃO É MAIS UMA CARTA OU POESIA DE AMOR
Não, meu bem. Não faço mais cartas e poesias de amor endereçadas a qualquer alguém. Alguém que nunca quis o meu sentimento. Estou me livrando de todo amor poetizado com disfarce de tormento. Não sou mais aquele homem ingênuo, que se deixava apaixonar facilmente pelas mulheres e fazia o romântico à moda antiga. Mas, no fim, sempre saía de coração e alma ferida. Acautele-se. Não tenha a audácia de cogitar que, “ah, ele deu um tempo, depois vem, de repente, me procurar. Isso é só um estado de momento”. Não se iluda, nem banque a mulher experiente. Nem tudo que o poeta escreve é o que ele sente. Hoje, se escrevo sobre dor, aliás, seja sobre o que for já não significa que falo de mim mesmo. É bem verdade que escrevo e, a essa arte me entrego todo dia, o que não é a esmo. Amadureci e escrevo não necessariamente sobre o que vivo ou o que vivi. Escrevo, pois, somente. Escrevo porque viver não é suficiente. Lembre-se: o poeta finge, e também mente. Todavia, nem sempre isso consente. Para finalizar, que fique ao seu critério pensar o que quiser, até que essas linhas são, à sua pessoa, um impropério. Desculpe-me. Mas é essa mania de fingir que faz o poeta, sua poesia, e todo seu mistério.