A face do amor
Optaríamos por viver dos impulsos e da irracionalidade. Conheceríamos desde a Veneza até a Etiópia. Nosso combustível seria gente, olhares cansados e pés calçados pela terra. Artesanatos costurados por mãos que ninaram amores desmoralizados, e espetáculos naturais que revelassem a imagem de Deus. Olharíamos para o nada como alguéns que almejam tudo. Seríamos dois solnáticos, fascinados pela luz e pela vida. Decidiríamos, em algum momento, que após um pôr do sol, desses que suplicam um registro fotográfico, voltaríamos para casa e formaríamos um lar; assim como dizem ter que ser. Providenciaríamos um casal de filhos e, só então, veríamos o tempo passar. Envelheceríamos a pele e os ossos. E, por fim, ou quase lá, escreveríamos nosso testamento, com dizeres trêmulos, no verso de uma foto de nossas crianças: "Cá está nossa herança e clamor ao mundo."
Pode parecer bobagem, mas a serenidade dos rostos infantis sempre me remete ao amor.