AMOR NÃO CONSUMADO
O meu amor é saudade. Não é ato, sonho ou poesia. Não é canção, pôr do sol ou fantasia. O meu amor nunca assistiu ao fim de tarde. O meu amor, ah, o meu amor. Pobre sentimento púbere. Que não viu sorrisos ao nascer, e nem verá prantos ao morrer. Ninguém escreveu sua existência. O meu amor é saudade. Porque é ausência, falta que se sente, é o querer não consumado, é o frio, o segredo contado. O meu amor não conheceu a primavera, nem as flores que sorriem nessa época. Tudo o que viu - pobre sentimento! - foi a ânsia de quem espera. O meu amor é saudade e teoria, realidade e utopia. O meu amor nunca viu o mar, nunca adormeceu no calor de um abraço, nunca conheceu a felicidade. Ninguém o quis cantar, ninguém o viu passar. É um sonho visto da realidade. O meu amor? O meu amor é saudade.