Amor?

Eu quase posso vê-lo, debruçado sobre a escrivaninha, notebook aberto, livros e apostilas espalhados pelo pequeno espaço até onde suas mãos alcançam. Uma pausa. O corpo arqueia e apóia a cabeça nas palmas das mãos. Os longos dedos emaranham os próprios cabelos, massageando o couro cabeludo, como se aquilo pudesse afastar o cansaço que sente. Seus olhos estão vermelhos. Retira o óculos com cuidado e o deposita sobre a mesa. Estica-se na cadeira, arqueando o corpo para trás. Olha através do quarto, busca qualquer coisa sem importancia. Olha as paredes. O teto. Os pensamentos fervilham em sua cabeça e ele pensa que precisa descansar. Um lampejo de memoria corta sua mente, rápido como uma flecha,.levando à sua face um sorriso contido. Sua expressão, antes séria, suaviza-se. Seus lábios finos abrem-se. Os olhos fecham-se. Apóia as mãos atrás da cabeca e respira, satisfeito. Não importa o que aconteça, ele se sente bem e feliz. Seu coração bate levemente compassado em seu peito. É um anjo, na forma de homem. Altos ideais. Pensamento firme. Confiante. Eu seus olhos o brilho imantado diamante. Seus mistérios profundos desejo desvendar. Quanta divagação numa só alma. Ou em duas, talvez. Que seja a minha, que seja a tua. A nossa, dividida em dois corpos. O talvez ficando para trás. O laço que, de repente surgiu e nos arrebatou. Sei não, mas acho que isso é amor.

Milene Gomes
Enviado por Milene Gomes em 19/04/2015
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