O que tu fazes ai?
O que tu fazes ai? Anda, descortina horizontes com o teu silêncio! Tua presença já fincou uma bandeira em meu peito e teus olhos de (a)mar já estão por dentro dos meus. O silêncio de tuas palavras preenche o segredo de nós e da nossa sonoridade múltipla escondida por baixo da pele, como fosse taça de acanhadas sílabas pairando no breve ar de outono. O que fazes tu aí amor, se tua inteireza caminha do outro lado do oceano e em pecado liberta teus olhos das sombras do ontem para o minuto que é meu? Anda, reconstrói a sílaba secreta do tudo que teus lábios escondem, dá-me tuas mãos de (e)terna loucura, por onde a ventania desconstrói o verso e as sílabas são mais que palavras e são o marulho das ondas, para além dos sentidos teus nos meus. O que tu fazes ai, amor? Apanha o crepúsculo da tarde, chama-me ao teu aconchego com a luz dos olhos teus, o mundo somos nós e tudo o que sobrevém, o mundo acontece na emoção das certezas e do acaso, o mundo és tu em mim e são as asas da liberdade de sermos um do outro.