Observando a Vida
Gosto de acompanhar a metamorfose da mulher grávida e rir do equivocado que lhe empina o ventre querendo explodir pra frente…
E de pasmar os olhos quando, às ruas estreitas, a casa caiada, exala cheiro bom e choro de bebê... Coisa boa de vê!
Viver é que nem torneira aberta jorrando água. Água que escorre e faz trilha no chão que vira rio na imaginação e cresce, vai longe, como o fio de lã nas mãos de tia Edith. O fio vira casaquinho, manta, e ainda vira biquinhos coloridos que mais parecem passarinhos atados ao pano da cozinha.
Vivendo, aprendo que o tempo desbota!
O que se ergue, tomba!
E que, a esperança, não morre apenas, descansa...
Onde se nega um chamego, escapa um gemido.
Aonde apaga um sorriso, acende uma queixa.
Quem não se doa, morre a míngua.
Vivendo, aprendi que o céu é o mesmo, mas de muitas luas.
Que a manta do leito que me deito, às vezes quente, às vezes frio, o amor que antes era constante, hoje, faz tempo de estio.
Marisa Rosa Cabral.