Observando a Vida

Gosto de acompanhar a metamorfose da mulher grávida e rir do equivocado que lhe empina o ventre querendo explodir pra frente…

E de pasmar os olhos quando, às ruas estreitas, a casa caiada, exala cheiro bom e choro de bebê... Coisa boa de vê!

Viver é que nem torneira aberta jorrando água. Água que escorre e faz trilha no chão que vira rio na imaginação e cresce, vai longe, como o fio de lã nas mãos de tia Edith. O fio vira casaquinho, manta, e ainda vira biquinhos coloridos que mais parecem passarinhos atados ao pano da cozinha.

Vivendo, aprendo que o tempo desbota!

O que se ergue, tomba!

E que, a esperança, não morre apenas, descansa...

Onde se nega um chamego, escapa um gemido.

Aonde apaga um sorriso, acende uma queixa.

Quem não se doa, morre a míngua.

Vivendo, aprendi que o céu é o mesmo, mas de muitas luas.

Que a manta do leito que me deito, às vezes quente, às vezes frio, o amor que antes era constante, hoje, faz tempo de estio.

Marisa Rosa Cabral.

Marisa Rosa
Enviado por Marisa Rosa em 10/06/2007
Reeditado em 19/10/2024
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