O Poetinha que me perdoe mas esta prosa é fundamental
As peruas que me perdoem, mas simplicidade é fundamental. É preciso que haja tudo, e não qualquer coisa de flor. É preciso que se compare uma mulher a uma flor e não em alguma ou outra característica desta. É preciso ser flor, naturalmente, bucólica, simplesmente. É preciso que haja elegância mesmo sem haute couture, sem pedras preciosas, sem grandes estilistas por trás da mulher. É preciso que uma flor do campo no cabelo seja suficiente para deixa-la uma prenda, que ela seja essência, com o mesmo aroma e gosto da flor do campo, ou dos pampas... uma herbetia amabilis sem de mais nada precisar, que o gosto e o cheiro sejam fundamentalmente seus, sem meio termo possível, pois este não há quando se é essencialmente mulher, ou melhor, mulher por essência. Isso é belo e súbito, uma vez que é inerente, mais que isso, pertinente a ser mulher.
Suprimir a imodéstia é não precisar de posição do sol ou dos refletores, dos fatos, da ocasião ou da situação para agradar aos homens. É inerente, persisto... Assim uma mulher jamais precisará do ângulo que focaliza o terceiro minuto da aurora. Éluard entenderia perfeitamente o quadro nonsense da mulher que pinto agora com a ajuda de André Breton, com aquele automatismo psíquico puro que denominamos o surreal e faria vista grossa às Demoiselles D’Avignon, quadradas, cubistas, formais que, nos rostos, nas cinturas e nas saboneteiras não têm nada de leve, de nuvens, enfim.
Afora as exigências do Poetinha, de que as mulheres sejam altas ou baixas, magras ou gordas, mas com artimanhas prontas às vistas dos homens, que elas sejam: simples, mas que tenham encanto. Que tenham a perspicácia de Cleópatra. Que seu olhar não seja munição de atração e sim singular e despretenso. Que seu sorriso não tenha trejeitos e artimanhas, que seja simplesmente feitiço natural. Que ela não emudeça um homem e sim o faça querer falar e falar, pois o fel da dúvida será penoso demais se ele deixar para amanhã.
Que a mulher se entenda, se situe quanto à sua magnitude, sua posição natural nesse mundo: sintonia e doçura na fala, não precisa ser pássaro pois já voa e já canta, sua voz é de veludo, de prata ou de bronze, basta ela saber a hora certa de cada uma, e ela sabe! Basta usar as asas de sua liberdade de ser um ser completo. Que compreenda que não é efêmera, é única e eterna. E, por fim, concordando com o Poetinha: “Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.”