Entre Batucadas
Se a lembrança é boa, a saudade dói,
Mas é melhor que doa, do que nada ter a lembrar...
Sob a ótica da criança de olhar franco,
Uma época foi gravada a preto e branco;
Tempos cheios de motivos para batucadas,
Cujo som competia com muitas risadas!
Ali se agregava toda gente,
Vinha amigo, vizinho, vinha parente,
Quem não sabia cantar batucava,
E quem não tocava, sambava
Nessa folia bem organizada,
Até a Tia envergonhada cantava!
O Pai folião, brincava ao violão,
O Avô que pouco brincava,
Concentrado, o cavaquinho dedilhava,
O Tio que não cantava encantava no pandeiro,
O do vozeirão, exigia de si perfeição
E a Música Popular nos brindava,
Pelo esforço amador a arte desfilava
Num indo e vindo de Noel, Jacó, Nelson,
Muita gente boa; Ataulfo, Demônios da Garoa,
Contando com a Elizeth e ainda uns sete,
Sem esquecer nenhum samba-canção!
Tudo era alegria; Avós, Mães, meninada,
Tristeza só quando tudo terminava...
O samba que saía das caixas de fósforos,
Hoje são lembranças num baú de tesouros...
Como dizia o Nelson Cavaquinho:
"Tira o teu sorriso do caminho,
Que eu quero passar com a minha dor..."
Quem me dera desfazer os lamentos,
E voltando lá trás nos tempos,
Toda aquela época recompor!