Prosa "Às Margens do Prosa"

Estranha reunião acontecia ali!

Um a um os membros se achegavam,

E apresentavam sinais únicos, nunca antes vistos pelos demais,

E ainda assim, reconheciam-se,

Tal qual membros de uma mesma família, no encontro caloroso depois de longa procura.

Nem o santo, e nem o profano regia o ritual.

O espaço?

Feito sob medida para o infinito.

Para o além,

Para o sem-fim do mundo todo,

Para o sem-fim dos sentimentos todos...

Senha de entrada?

Exageros...

Nunca houve regra imposta,

Nem combinações prévias,

Mas sacralizado fora aquele espaço, pelo hábito automático de nudez.

Adentravam seus membros, todo o sempre,

Desnudos de qualquer desnecessidade mundana.

E entregavam-se a demoradas fecundações.

Permitiam-se tocar seus exageros,

E sentir aquilo tudo que resultava deles.

Fecundavam-se,

Nutriam entre si suas gestações,

E pariam em comunhão profunda...

Dia foi que o ritual caiu na boca do povo.

À boca pequena,

Às margens do Prosa,

Notícia foi se espalhando entre lavadores e lavadeiras...

E como água brotando da nascente, brotavam também eles!

Vinham aos montes...

Lavar suas revoltas,

Lavar suas saudades,

Desencardir as mágoas,

Purificar os amores,

Quarar ao sol seus desalentos,

Tingir de azul anil seus anúncios,

Remover manchas intrusas...

E acender suas renúncias.

Há quem conte, num dedo de prosa,

Que o Prosa nunca mais foi o mesmo!

O que jorra agora, entre pedras e margens,

São palavras...

E durante a poecema, é crime absoluto interromper o curso natural da fecundação poética.

Homenagem especial ao espaço Poesia às Margens do Prosa, comunidade do facebook que reúne as combinações palavrescas de escritores de Mato Grosso do sul.