DOCE EM SOLIDÃO
Sem montar-se em pureza ou prosódia
É o fervor que arrasta o barco carente
- pesado pra qualquer esforço -
Mancha de lama a barra descalça inteira.
Nos dias em cujas marés varrem calçadas
Sorri-me o vento sereno, arguto e danoso
- pode até cantarolar a rola que no fio pende –
Parece adivinhar a solidão, semente ao solo.
Assim, sem calço, salpico de idéia a folha
Não me são sujos os ocelos nem os escárnios
- haveriam de ser modestos? –
Ouço o frigir daquela pêra flambada no tacho de ferro.
Dois cheiros me seqüestram a lucidez da alma
A cor do beijo latente estampado em seu rosto, açoita-me
- amá-la por debaixo do fino avental, cogito –
- a tomar das calosas a colher de pau, um luxo!