DOCE EM SOLIDÃO

Sem montar-se em pureza ou prosódia

É o fervor que arrasta o barco carente

- pesado pra qualquer esforço -

Mancha de lama a barra descalça inteira.

Nos dias em cujas marés varrem calçadas

Sorri-me o vento sereno, arguto e danoso

- pode até cantarolar a rola que no fio pende –

Parece adivinhar a solidão, semente ao solo.

Assim, sem calço, salpico de idéia a folha

Não me são sujos os ocelos nem os escárnios

- haveriam de ser modestos? –

Ouço o frigir daquela pêra flambada no tacho de ferro.

Dois cheiros me seqüestram a lucidez da alma

A cor do beijo latente estampado em seu rosto, açoita-me

- amá-la por debaixo do fino avental, cogito –

- a tomar das calosas a colher de pau, um luxo!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 09/06/2007
Reeditado em 17/11/2008
Código do texto: T520369
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.