O adeus ao velho Finnegans
Levante-se dessa cadeira, bata palmas, convide a donzela...
Rodopie pela sala e se veja no espelho da noite, com ela.
Nos braços, o que se pode ver nos olhos dela?
Eu não lhe disse, minha criança?
Lhe disse que se parece...
Parece com uma festança...
Funciona como uma lanterna para os amantes!
Que se iluminam e se clareiam de olhos fechados.
Desde o início... Se pareceu com uma festança.
No enterro do velho Finnegans¹ não há choro, só bonança!
Por aqui, nunca houve outro assim antes.
Batam palmas, dancem com a viúva.
Girem pela sala, girem ao redor...
Reflexo no espelho do dia.
Eu lhe disse que parecia...
Parecia uma festança!
O enterro do velho Finnegans.
Diziam que já nasceu velho, nunca fora criança.
Batam palmas, vamos todos dançar, sintam a euforia!
Giramos pela sala até cairmos na tapeçaria.
Vamos para a cama, leito de cavalgar, descansar...
Dormir no leito de parir, leito de morte².
Por sorte, o encontrei antes; comecei a sorrir.
E eu lhe disse Sunny Jim!
Eu lhe disse que o enterro do velho Finnegans parecia uma festança!
Regada a vinho, malte e música de acordeom!
Dançamos, sob espectral iluminação de vela na madrugada fria...
Aqui dentro; sua obra chegou ao fim.
Lá fora, estaremos perto da lembrança.
E, em sua lápide, o epitáfio:
“Não me julguem, eu tentei!”
“Sim eu tentei!”
“Tentei amar a Deus³, sim.”
¹Finnegans Wake (1939), romance de James Joyce (1882 – 1941).
²Frase extraída do livro: “James Joyce”, Breves Biografias, Edna O’Brien (1999).
³Frase de Stephen Dedalus: “Retrato do Artista Quando Jovem” (1916).