Enchendo o Vazio
O céu é tão azul...
Grata espicho olhar pela Chapada desatando nós das dores que amarraram a poesia por meses.
Andei pó.
Mas choveu....... e a garganta que gorjeia, umedeceu.
Rebrotei!
Vida virou barro, revirei-me do avesso, tornei-me REAL, de novo pisei no chão enlameado que chegou a fazer bolinho entre os dedos dos pés cansados.
A figura que vejo no espelho pequenino, não sou eu.
Recebo olhar da velha carcaça que em mim habitou um dia.
Abre-se arregalado caminho e imagem!
Sem desejos, taça transbordante, vi, creiam, no quintal da oca, segundo a segundo o desdobrar-se das pétalas de rara flor (Íris Lilás).
Também vi na mesma hora, pela primeira vez,------era meu aniversário----AZULINA, minha preferida borboleta, rara pelos chapadões, só a vi, quando vivia no vale do Matão, borrifando suas enormes asas azuis na cachoeira......pois é meus amigos poetas, esteve aqui na Oca, no dia 21 de março, o melhor presente que já recebi da Existência! Sei que veio pra não me deixar murchar, morrer como morria.
É assim a dadivosa vida!
Quando pensamos desistir, há sempre um presente à mão: Flores, borboletas, sorrisos de crianças, animais abanando rabo e olhares, velhos ao sol sob cuidados dos filhos ou netos amorosos, poesias que borbulham dos dedos, das almas, das nuvens e caem em nosso colo, desabando na verdade, tocando-nos no mais profundo, acordando raízes e asas!
Estou assim diante do cheiro de café fresquinho, cheiro de pequi com arroz, cheiro de musgos nos muros e na calçada que varro bem devagarzinho para que os mesmos fiquem ali. São lindos os limos verdinhos que trago também nos costados de minh'alma........e as araras insistem agora em rebuliço, são tão lindas! Uma pintura que me incendeia, me faz vibrar e pensar sempre em Voar!
Brilho agora.
Preciso vir aqui contar de meu caminhar.
Estou Feliz!
Beijos com todo carinho,
Arana do cerrado.