A BONITEZA DO AMARELO

O final da peça poética é o lance-mor dos mestres em Poesia, o fecho-de-ouro – assim o designavam os sonetistas clássicos. Quando menos se espera, o poema salta da página e toma envergadura, mesmo que nada haja sido antecipado em seu favor. Como numa tarde quente de verão, um gafanhoto gigante irrompe do monte de feno amarelecido, o qual, às aparências, tinha-se por morto. De repente, a vida emerge de dentro dele, fogosa de estranhezas, vestindo uma túnica auriverde de raios furtados ao sol: cabelos do menino louro que imaginara ser também gafanhoto...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5199278