Bárbara

Serena és tu'alma. Gelada. Sopra de ti a amarga indiferença e desilusão. Tempestade! Com ímpeto voraz protege teus filhos como uma verdadeira mãe. Cabelos como o fogo que lhe falta. São suas crias, sua derme morta como o espelho de teu ser. Em seu íntimo és insana, perversa. Não lhe dirige atenção e mata pouco a pouco. Incomensurável. Não há olhos para te olhar, bocas para te beijar. Não há reciprocidade. Estás sozinha no mundo, como se uma mundana existência, verdadeira e sincera, lhe fosse fútil. Transcende a todo tipo de sentimento humano e humano é o que lhe falta. Mundana! És tudo o que não é. És oblíqua e dissimulada, deusa demonia, abstrata e superior, como uma ave de rapina que sobrevoa suas presas. Mortais. Teu ser sublime a desloca do sofrimento, do sentimento do outro. Não há outro. Para ti há coisas, coisas meramente fetichizadas como bonecos. Serena és tua aparecia, infantil. Criança desalmada. Já surgiste como adulta, como anciã e como sábia. Surgiu da pedra que lhe dá forma. Feita de pedra és feita para ser dura; salgada. Cega. Amola até as lâminas mais finas. As destrói! E mantém-se intacta, irresoluta, imparcial. Infeliz e serena. Sem empatia, sem angústia, sem piedade, sem vida. Atormentados se encontram os jovens ao beberem teu veneno. Com o tempo tornam-se loucos. Atemporalizados, fora de si e a cada dia mais distantes de terem identidade ou serem serenos como tu.

Ariana de desejos. Polida. Mulher helênica ou estóica; forte e frívola. Porém, Bárbara!