O jardineiro

Sou como um jardineiro que regou seu jardim com lágrimas, e de seu sofrimento viu brotar as flores mais lindas. Este homem já não é, se perdeu, se deu pelos seus. Acertou seu destino se desnorteando. Esmagado pela roda da existência, ele descobriu que amar é perecer pelo seu amor, seu amado. Este ser iluminado pelo desejo louco de ser desejado torna-se indigente. Esquecendo de sua identidade ele se confunde com a coisa amada. Ele se anulada para existir, na tentativa de existir.

Seu jardim está morto, indiferente, e ele está amando-o numa tentativa irascível e irracional de cura-lo. Ser um consigo novamente. Pobre pecador...

Suas flores murcharam. O jardineiro se entristece por não poder mais rega-las. Ele se vê impotente, com uma ferida de morte. Uma morte previamente anunciada em sua desistência de ser. Em perder sua alma. Como um suicida esperançoso de obter alívio após a morte o jardineiro ama seu destino final. Já dizia o amante das idéias "o louco é aquele que encontrou uma verdade ". Ele ama seu pecado, ele o encontrou e deu-lhe vida. Não interessa sua consequência, o jardineiro não mais chora-ra. Estará em paz, sem mundo, sem fim...