Ah, o inverno...
Pior que sentir-se só é descobrir-se só.
O inverno chega e trás a ênfase da solidão. Só no frio é que se percebe que se está solitário. O arrepio parece alertar o corpo!
Atire o primeiro coração de pedra quem nunca sentiu vontade de uma companhia, mesmo tendo optado por ficar só!
Aos que fizeram esta opção - como eu - o inverno estoicamente desperta o desejo de um outro. E então...
... não há janela fechada que aqueça, não há liquidos quentes, não há meias, aquecedores, nada...
Nada substitue o estar/ficar emaranhado entre braços, pernas, olhos, suores e volúpia adormecida. E a paisagem enegrece, tudo se petrifica.
A voz cala. A rouquidão seca. E ninguém bate à porta. Não há companhia para compartilhar a canção e por isso ela já não diz nada.
Nada mais se encaixa: a cama é fria, o travesseiro incomoda enquanto a chuva despeja o lamento em gotas, monótona canção.
É também ela que apaga as pegadas, como então seguir-me e encontrar-me?
E, tarde, descubro que o trovão é um "so-li-DÃO" estrondoso apregoado no peito de carnes frias, coração frio e você...
... você tarda!
Só me resta esperar por você ou pela primavera.