conversas de inocências achadas e perdidas

''Seu nome era João, comecei a desacreditar nisto quando por um ''isso'' ele se intitulou Artur. Cinco anos de idade e por volta de duzentos de imaginação. Seus olhos verdes, feito as arvores que ele disse querer proteger. Na conta dele carêcia de proteção também seus vinte coelhos, seus dez papagaios, sua girafa e seus macacos filhotes de estimação. Oh quanta imaginação. Pergunteo o que queria ele ser quando crescer. Respondeu cheio de empolgação. Médico, então. Por que? Porque médico cuuda. E quando por exagero resolveu reverter o papo, falando de jogos e outras alucinações. Eu disse sim, eu também jogava quando pequena. Lembrei dos brinquedos vivos, dos jogos em todas as dimensões, dormir tarde, acordar tarde, não me preocupar com o tempo, não me lembrar que cada segundo a menos já é o ''tarde demais''. Ele estranhou. Disse: menina também joga ? Confesso, enrolei a língua, não sabia dizer a ele sobre tantas e tantas ideologias por trás daquela inocente pergunta. Respondi: ''não tem diferença, seja menina ou menino, claro que pode-se jogar. Não acha?'' Ele com os dedos tocando o queixo, cara de desconfiado, pronto para rebater de um jeito sem querer. Apenas sorriu e se mexeu hiperativo. Enquanto isso o ônibus balançava toda aquela vida dentro de mim.

Crianças, por favor, não cresçam. Pais, por favor, não os encham de ideologias tolas. Mundo não destrua tanta inocência.''

Gabriele Souza
Enviado por Gabriele Souza em 30/03/2015
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