TALVEZ VOLTES À PÁTRIA DISTANTE



 
Talvez voltes, de vez, à tua pátria distante... Talvez, agora, partas de vez...
Mais uma vez  eu no cais... Mais uma vez a dizer-te adeus...
Talvez seja a derradeira vez de dizer-te adeus...
Talvez.... Que nada sei... Que nada nunca sei...
Sei que as palavras estão secas... Isto sei.
Estou cansada como jamais antes nesta vida. Isto sei.
Sei rezar por ela - sabes de quem falo. Isto sei.

Não sei mais o que peça, o que deva pedir ao Deus para mim. Isto já não sei.

Tenho mais um livro pronto com a nossa história, um livro sem teu nome e sem o meu, sem teu nome, desde sempre calado como o casco de um grande navio. E haja âncoras... E haja âncoras, Senhor Deus! 

Estou exausta: São séculos demais com tanto silêncio nas costas.

Parte, se puderes partir... Parte para onde a vida ainda significa. Eu não tenho uma Pátria assim, para onde partir... Mesmo que tivesse, eu não poderia partir.

Se partires, estarei no cais, mais uma vez. Ficarei a olhar os navios... até que o mar fique só o mar... Então, voltarei de vez, só para mim... só para mim... e para ela, claro, mas, ela é outro mundo que dói, como todos os mundos e como tudo, como tudo e como todos os mundos doem... doem, até às vísceras, até a medula da alma.