SOBRE MINHA IDADE...
Eu tenho a idade da cova do sorriso de um bebê
e ainda, do brilho pardo dos olhos do idoso.
Tenho a idade dos passos cambaleantes do início da caminhada
E ainda, dos passos últimos, igualmente cambaleantes, do fim do caminho.
Tenho a idade dos ardentes beijos adolescentes
E ainda, dos maduros frutos da adultice.
Tenho a idade do botão que desabrocha nas manhãs de primavera
E ainda, das folhas que caem no outono da vida.
Tenho a idade das fortes ventanias,
das borboletas no estômago,
das efervescências nas turvas águas
E ainda, idade da quietude silenciosa,
do pouso da libélula em água limpa.
Tenho a idade dos energéticos pulos na cama elástica
E também, dos desacelerados passos na esteira ergométrica.
Idade dos pés de acácias em flor, da música do Chico e Caetano
e ainda, dos mil ritmos de agora.
Tenho sim, a idade de outrora,
do sol poente
depois nascente
Idade do amanhecer e do entardecer
Isso porque tenho o infinito nos olhos.
Ah! Minha idade!
São tantas luas e sóis que não me apego a contar, porque não os tenho mais;
o que tenho é o tempo que lambe minha pele mansinho, pra eu não bradar tanto...
Para isso, há um segredo...
Carrego pelos dias um saquinho de pó de “Pirlim Pim Pim” misturado a palavras e sorrisos...
Carrrego poesia; nelas rejuvenesço. Continuamente...
Suerdes Viana