Em Algum Lugar Do Passado V
Está lá... Sim, está lá, intocável e hoje, inatingível como o mais impossível dos sonhos que alguém possa sonhar... Mas foi real, tão real que ainda hoje sinto o perfume do teu corpo, impregnado de forma indelével, na minha pele... Ouço o canto dos pássaros e a melodia incansável, sempre igual, da roda d'água, embalando nossos dias e noites, tocada pelo pequeno rio de águas cristalinas e piscosas, como canção de ninar...
Nós dois e nosso amor, sós, a viver um inefável conto de fadas; tão um do outro, que nossos corações pareciam pulsar no mesmo ritmo... Corríamos pelos campos verdes, onde se misturavam ervas, arbustos e juçaras, em meio à relva macia, onde rolávamos como duas crianças inocentes, trocando beijos apaixonados e juras de um amor eterno...
Num pôr do Sol, não voltaste... Inutilmente esperei - te e em outros e mais outros... No vaso, as mesmas rosas frescas, todos os dias, mas os dias passavam céleres, no calendário e o inverno chegou, trazendo o vento gélido e a profundidade solitária de quem vive de uma saudade irremediável, inexorável, dolorosa como um estilete cravado no coração...
Está lá... Sim, está lá, em algum lugar do passado, e hoje, fenecida como as pétalas de rosa que ainda guardo entre as páginas do meu velho livro de cabeceira, minha pele... Meu corpo ainda sente a falta do calor do teu, pois nunca mais alguém o tocou... Fui fiel ao juramento e meu coração, ainda mais, pois nunca, nunca mais, por outro se apaixonou