Gêmeas
De estilos completamente distintos. Uma, usava saia branca até os joelhos, blusa preta simples, porém, bem costurada, onde se via um pequeno decote surgindo entre seios a desabrochar. Os cabelos, lisos, longos e pretos, estavam soltos. E os pés, calçados com um simples sapatinho fechado, com detalhes de flores em alto relevo.
A outra, usava uma saia azul, um casaco grande, fofo e cheio, todo florido. Os cabelos, igualmente pretos e longos, não estavam soltos; pelo contrário, estavam muito bem presos por um apertado elástico preto, como aqueles que mamãe usava para confeccionar meus shorts para brincar. O detalhe mais interessante era uma grande flor preta, feita de crochê, presa ao cabelo no lado direito da cabeça. Nos pés, chinelos Havaianas, brancos com tiras azuis.
Eram gêmeas. A idade não sei, mas suponho que tenham uns 14 anos. Estavam às nove da noite, sozinhas, sentadas num banco de rodoviária. Carregavam as sacolas das compras que haviam feito, onde se via, através da transparência dos pacotes, produtos alimentícios e de higiene pessoal. Esperavam o ônibus que as levaria para casa. Um veículo velho, branco e com uma listra azul horrível, que mais parecia uma gaiola para carregar animais – em nada combinando com o estilo simples e único daquelas irmãs...