O INSTINTIVO

A poética lida com desejos e volúpias em muitos e lindos poemas lírico-amorosos. Há uma predileção na alma brasileira por estes espécimes, especialmente entre os jovens, nos quais a libido viaja à flor da pele. Em verdade – enquanto animaizinhos – nada é mais belo do que os jogos do corpo e seus instantâneos. Lógico, tudo tem tempo digno de registro. Na hora espiritual flui a redenção por atos e palavras, especialmente em orações e rezas. O Absoluto está dentro de cada humano ser. Por vezes, o poeta pode funcionar como um oráculo: a expressão do Absoluto através do profeta. Mesmo assim é o corpo que nos anima à carnal sedução – um sorvete que se derrama e desce deliciosamente. O instinto é força poderosa que identicamente nos absolve e redime para suportar rigores e exclusões, e prover necessidades tão densamente humanas. Neste momento de fruição, o poema é gozo nos neurônios. E se esboroa no leito das ausências. Um lobo uiva dentro de mim a cada vez que penso no prazer que me ofereces, dentro e fora, na horizontal...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5176564