O Que quer que eu seja.

Meu bem, o que tenho por dentro, você nunca vai saber.

De onde venho, a origem do meu tormento,

você nunca há de entender.

Carrego os arroubos da paixão,

sou como vulcão,

minha erupção pode durar segundos.

Sou tempestade,

que traz o mais veloz dos ventos

e transforma o mundo.

Só não sou contentamento, nunca fui.

Nem com, muito menos sem você.

Pode crer que sou contemplamento

e da vida nunca estive a querer grande coisa,

aliás, sou o canto da cigarra que incomoda

e por certo tempo, a paz te rouba.

Não sou moda passageira,

sou ciranda de roda, esquecida,

lenha que chora sua mágoa doída a queimar na fogueira,

mas demora a queimar,

vira brasa,

aquecida por horas a fio.

Sou desafio.

Que aprisiona e liberta,

sou a emoção mais pueril,

mas não nasci para soltar apenas único pio.

Sou o que interfere,

abelha que morre na primeira ferroada,

mas te marca e te fere.

Sei que a vida é passageira

e ao fazer o que me dá na telha, sou como trovoada,

sou intempérie,

vivo sem eira nem beira.

Meu caminho nunca foi de flores,

sou a ave em revoada,

vivo de amores e fujo do ninho.

Sou a perda da mulher amada,

não me delimito

nem em verso

nem em prosa,

mas também sou cerca enfarpada,

sou rosa, sou espinho.

Meu único delito,

é seguir assim por essa longa estrada,

com a alma pela vida entalhada

e um cínico coração, sozinho.

Raphael Moura
Enviado por Raphael Moura em 18/03/2015
Reeditado em 04/05/2015
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