Saudade não é substantivo abstrato!

Pedi licença à gramática,

E resgatei minha saudade dos substantivos abstratos.

Como pode que seja abstrata,

Tendo cheiro, gosto e som...

Tendo forma???

Firmamos acordo nesta noite...

Foi que, pela manhã,

Acordei com ela,

Sentada sobre o criado-mudo,

Esperando meu despertar.

Tentativas inválidas de varrê-la para longe,

Parti para o inverso.

Trouxe-a para mais perto...

Tomamos vinho acompanhado de pipoca,

Jogamos conversa fora...

Convidou-me às melodias, às cantorias,

Cantamos Adriana, Carolina, Oswaldo,

E tantos outros...

Pintamos, com cores de pôr do sol,

Tela nova para a galeria das minhas lembranças...

Caminhamos no parque,

E fotografamos uma árvore seca...

Árvore seca é o concreto das ensinâncias sobre cuidados...

Flutuamos sobre as águas de rio formado com lágrimas,

E nos embriagamos de tal maneira,

Que não encontramos as chaves de nossas portas...

Acordo firmado na sarjeta –

Saudade não é substantivo abstrato.