Folheando à tarde.
Folheando à tarde.
Na calçada, o homem
Alheia-se da vida
Folheia páginas velhas
De um jornal qualquer
-Não procura nada-
Passa os olhos em figuras
E algumas palavras
Saltam persistentes
A “corrupção” se repete
Por vários textos
O homem, que de lê
sabe tão mínimo,
Vai criando pensamentos
São achados importantes
Começa encontrar
“violência” em cascata
E, fotografa na retina, “mulheres”
Estonteantes, quase nuas
Junto de corpos sangrentos
Largados na rua
O papel fede estranheza
Passa o tempo folheando
Sem destino, sem tino
Cansado, despede os olhos
A vagar na rua
A mente registrou
Corrupção e violência
Não compreende, mas
Pelo jeito, não é coisa boa
A mulher presidente
Tá fazendo maldade
Aprontando com a gente
É isso mesmo...matuta