Hidroliteratura

Mergulho

De olhos abertos era como uma poça

suavemente lodosa

de palavras e nadas

De olhos fechados

Escorria como água límpida

Brilhante e encrespada

por dentro

Fui ao seu encontro

Mergulhei com uma ponta fina de medo

Apalpei algas gelatinosas que julgara ser o meu corpo

Afundei as mãos em areia calcinada

Julguei tocar nua espinha de peixe

Julguei tocar num rosto que há tanto tempo não via

Julguei tocar em outras águas, outros rios, outros tempos

A mão inquieta não cessa de cavar

E assim, paulatinamente, faço minhas buscas

Isabela Coelho, 2012

Isabela Coelho
Enviado por Isabela Coelho em 16/03/2015
Reeditado em 16/03/2015
Código do texto: T5172101
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