Hidroliteratura
Mergulho
De olhos abertos era como uma poça
suavemente lodosa
de palavras e nadas
De olhos fechados
Escorria como água límpida
Brilhante e encrespada
por dentro
Fui ao seu encontro
Mergulhei com uma ponta fina de medo
Apalpei algas gelatinosas que julgara ser o meu corpo
Afundei as mãos em areia calcinada
Julguei tocar nua espinha de peixe
Julguei tocar num rosto que há tanto tempo não via
Julguei tocar em outras águas, outros rios, outros tempos
A mão inquieta não cessa de cavar
E assim, paulatinamente, faço minhas buscas
Isabela Coelho, 2012