Entre foices, carnaval e nostalgia
Olho o quintal e o dia ameaça ficar azul, como é singela a minha micro floresta tropical, parece que o inverno não vai voltar, ainda restam flores. A palmeira ainda põe coquinhos para a alegria das formigas e o chão se mancha de mel amarelo e grudento. O cenário se tranfigura aos poucos, adoro os meus "mimos", ainda restam alguns amarelos, vermelhos, mas já parecem cansados. Mesmo com o sol mais pálido, sempre ganho o dia só por olhar meu minifúndio, está verde como se tivesse chovido à noite.
Estranho, parece que dormi e o mar sumiu de repente, a serra se dissipou, nenhum siri assustado passa por mim. A paisagem se contraiu diante dos meus olhos, agora, me resta o muro, a urbanidade, noto que ele está mais desbotado, gosto das sombras dos tijolos por baixo da tinta lascada. O ninho que construíram em dezembro ainda está no galho mais baixo da cheflera, o quintal mudou pouco e o mar que ficou para trás sempre vai estar em mim. Aproveito o afã pseudoguerrilheiro que paira sob o nosso céu de anil para ouvir Mercedes Sosa. No geral, são canções de protesto e há alguma nostalgia na manhã. Entre um gole de café e outro, sinto uma pequena vontade de chorar, de repente, de saudade dos tempos de rebeldia, tínhamos vontades próprias e ideais, mas isto já passou. As fotos no "face" mostram foices e facões se batendo no ar, acho tudo engraçado, pois aqui ainda tem carnaval. "Vai passar..."
Que o dia continue azul e de paz, mesmo em meio a foices e carnaval.
Beijo a todos!