Máquina do Tempo

Olho-me no espelho e não me reconheço

Serei eu mesmo este ser diante de mim?

Quem era eu, quem fomos nós?

Quem penso que sou, nesta noite de março?

Um ser vivo-morto, morto-vivo, um espirro, um sopro, um suspiro, um orgasmo?

Ou serei um computador velho, ou um armário de CDs?

Quem sou eu com estes fones de ouvido

Ouvindo músicas de outubro de 83?

Fecho os olhos, e o tempo, que trabalhava como batimentos cardíacos,

Apressa-se, torna-se um Concorde, veloz, voraz,

Levando-me a três décadas atrás ou mais.

Diante de mim, agora, uma TV numa praça

Que nada, que nada, que nada

São apenas fragmentos da memória

E este eu que questionei, sou eu sonhando,

Saudoso, dos meus tempos de outrora

Quem dera eu tivesse uma máquina do tempo

E eu estaria, agora, num show de Bee Gees