contando segredos
Devo contar-te sobre o pássaro escondido no cardíaco, ele pouco se mostra, e quase ninguém sabe dele. Mas vive ali, fez seu ninho na ingenuidade passarinhesca de quem sabe construir um reinado com gravetos e flores. Acordo com o canto dele, esta avezinha ilumina-se pela manhã e seu canto aquece a minha voz, muitas vezes minhas palavras matinais são melodiosas. Você ri, eu também rio disso tudo, rio tanto que transbordo. Cultivo esta avezinha com certa reserva, é certo que alguns sabem de sua existência, afinal, como esconder um coração-passarinho de outros tantos que estão por aí, de alguma forma eles se reconhecem. E porque este ser alado escolheu-me para fazer seu ninho eu tenho tido visões profundas da existência, valorizo cada segundo da vida e procuro meditar minhas ações buscando assim o equilíbrio para os caminhos de paz. Agora é fácil ver as auras dos seres na floresta, e voar é a coisa mais simples do mundo. Lembro o dia em que ele chegou, atraído pelo meu cheiro de flor, assim ele veio. Acanhado, mudo, precisava de repouso, eu o acolhi no âmago da chama trina que o aqueceu. Não cantava a principio, observava tudo numa solidão ternurenta e com o bico acariciava meus pontos doloridos de desilusões, não me prometia nada, oferecia-me o que eu precisava para desfrutar felicidades. A presença daquele pássaro era motivo de extrema alegria e cumplicidade, não foi difícil amá-lo uma vez que já morava no coração. Nenhuma gaiola existia apenas a liberdade de ser ave, e uma grande atração nasceu entre nós. Agora estamos sempre juntos, todos os dias. Aprendemos muito de amizade, de liberdade e imaginação, temos grande sintonia vibracional e o melhor de tudo, amor, amor que só aumenta
(24 de agosto de 2012)